"eu retribuo a dádiva do amor,
ainda que eu não saiba como expressa-la."

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Diáspora - Tribalistas


Diáspora

Acalmou a tormenta
Pereceram
Os que a estes mares ontem se arriscaram
E vivem os que por um amor tremeram
E dos céus os destinos esperaram

Atravessamos o mar Egeu
O barco cheio de fariseus
Como os cubanos, sírios, ciganos
Como romanos sem Coliseu
Atravessamos pro outro lado
No Rio Vermelho do mar sagrado
Os Center shoppings superlotados
De retirantes refugiados
You, where are you?
Where are you?
Where are you?

Onde está
Meu irmão
Sem Irmã
O meu filho sem pai
Minha mãe
Sem avó
Dando a mão pra ninguém
Sem lugar
Pra ficar
Os meninos sem paz
Onde estás
Meu senhor
Onde estás?
Onde estás?

Deus
Ó Deus onde estás
Que não respondes
Em que mundo
Em qu’estrela
Tu t’escondes
Embuçado nos céus
Há dois mil anos te mandei meu grito
Que embalde desde então corre o infinito
Onde estás, Senhor Deus

Atravessamos o mar Egeu
O barco cheio de fariseus
Como os cubanos, sírios, ciganos
Como romanos sem Coliseu
Atravessamos pro outro lado
No Rio Vermelho do mar sagrado
Os Center shoppings superlotados
De retirantes refugiados

You, where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?

Onde está
Meu irmão
Sem Irmã
O meu filho sem pai
Minha mãe
Sem avó
Dando a mão pra ninguém
Sem lugar
Pra ficar
Os meninos sem paz
Onde estás
Meu senhor
Onde estás?
Onde estás?

Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?

(Tribalistas - 2017)


Obs. Citações: início do Canto 11 de "O Guesa", de Joaquim de Sousândrade e trecho de "Vozes d’África", de Castro Alves

Diáspora: O termo diáspora (em grego clássico: διασπορά, "dispersão") define o deslocamento, normalmente forçado ou incentivado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada para várias áreas de acolhimento distintas. O termo "diáspora" é usado com muita frequência para fazer referência à dispersão do povo judaico no mundo antigo, a partir do exílio na Babilônia no século VI a.C. e, especialmente, depois da destruição de Jerusalém em 70 d.C.

Em termos gerais, diáspora pode significar a dispersão de qualquer povo ou etnia pelo mundo. Todavia o termo foi originalmente cunhado para designar à migração e colonização, por parte dos gregos, de diversos locais ao longo da Ásia Menor e Mediterrâneo, de 800 a 600 a.C. Associada ao destino do povo hebreu, a palavra foi utilizada na tradução da Septuaginta (em grego) da Bíblia, onde se inscrevia como uma maldição: "Serás disperso por todos os reinos da terra."

Saudade - Pablo Neruda (por Aldo Bastos)


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais... 
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.


(Pablo Neruda)

terça-feira, 13 de junho de 2017

Gritaram-me Negra! "Me Gritaron Negra!" - Victoria Santa Cruz

Victoria Eugenia Santa Cruz Gamarra (La Victoria, 27 de outubro de 1922 — Lima, 30 de agosto de 2014) foi uma poetisa, coreógrafa, folclorista e estilista peruana.

Iniciou a carreira em 1968, integrando o grupo Cumanana, ao lado do irmão mais novo, o poeta Nicomedes Santa Cruz Gamarra. Com uma bolsa do governo francês, foi estudar em Paris em 1961. Na capital francesa, criou os figurinos para montagens de El retablo de don Cristóbal, de Federico García Lorca, e La rosa de papel, de Ramón María del Valle-Inclán.

De volta à terra natal, fundou a companhia Teatro y Danzas Negras del Perú, que se apresentaria nos Jogos Olímpicos de Verão de 1968, na Cidade do México. Excursionou pelos Estados Unidos em 1969, e depois foi nomeada diretora do Centro de Arte Folclórica de Lima. Dirigiu o Instituto Nacional de Cultura peruano entre 1973 e 1982. Foi professora da Universidade Carnegie Mellon.

Victoria Santa Cruz, foi a poderosa voz que tornou popular o poema “Gritaram-me Negra!”. De sua autoria, o poema de empoderamento da mulher negra inspira a autoestima daquelas que como ela, sentiram o peso do racismo ainda na infância. Victoria Santa Cruz levou a intensidade da cultura popular peruana ao mundo, e reconhecida mundialmente, transformou o poema “Gritaram-me Negra!” num mantra de recuperação do amor individual da mulher negra latino e afroamericana.


quarta-feira, 31 de maio de 2017

Melancolia - Charles Bukowski



"A história da melancolia
inclui todos nós.
eu, escrevo em folhas sujas
enquanto observo as paredes azuis
e o nada.
estou tão acostumado à melancolia
que
a cumprimento como uma velha amiga .
farei agora 15 minutos de sofrimento
pela ruiva perdida,
digo aos deuses.
faço isso e me sinto um tanto mal
bastante triste,
então me levanto
REVIGORADO
mesmo sabendo que nada está
resolvido.
isto é o que eu ganho por chutar
a religião no rabo.
deveria ter chutado o rabo
da ruiva
onde estão seu cérebro e seu pão com
manteiga
na...
mas não, eu estava me sentindo triste
com tudo:
a ruiva perdida foi apenas outro
golpe numa longa vida
de perdas...
escuto uns tambores no rádio agora
e dou uma risada.
há alguma coisa errada comigo
além da
melancolia."


- Charles Bukowski

O Amor é um Cão dos Diabos - Charles Bukowski


"já não consigo mais ler
já não consigo mais dormir..."



(O amor é um Cão dos Diabos - 1977)

sábado, 22 de abril de 2017

José e Pilar - A Morte (José Saramago)


"Estou aqui, e um dia já não estarei!"
A Viagem do Elefante, o livro em que Saramago narra as aventuras e desventuras de
um paquiderme transportado desde a corte de D. João III à do austríaco Arquiduque
Maximiliano, é o ponto de partida para José e Pilar, filme de Miguel Gonçalves Mendes
que retrata a relação entre José Saramago e Pilar del Río.

Mostra do dia-a-dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagens de
trabalho por todo o mundo, José e Pilar é um retrato surpreendente de um autor durante o
seu processo de criação e da relação de um casal empenhado em mudar o mundo -- ou,
pelo menos, em torná-lo melhor.

José e Pilar revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e prova que génio
e simplicidade são compatíveis. José e Pilar é um olhar sobre a vida de um dos grandes
criadores do século XX e a demonstração de que, como diz Saramago, "tudo pode ser
contado de outra maneira".

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Árvores são Poemas


Árvores são poemas 
que a terra escreve para o céu.

Nós as derrubamos
e as transformamos em papel
para registrar
todo o nosso VAZIO.

(Lorena - 4º Ano B)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Pra Sonhar - Marcelo Jeneci


De tanto não parar a gente chegou lá
Do outro lado da montanha onde tudo começou
Quando sua voz falou
Pra onde você quiser eu vou
Largo tudo

Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave Maria, sei que há
Uma história pra contar

Domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave Maria, sei que há
Uma história pra contar
Pra contar

(Marcelo Jeneci - Feito pra Acabar - 2010)

Felicidade - Marcelo Jeneci


Melhor viver meu bem,
Pois há um lugar em que o sol brilha pra você,
Chorar, sorrir também e depois dançar na chuva
Quando a chuva vem.


(Marcelo Jeneci - Feito pra Acabar - 2010)

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Não há deuses ou demônios que nos salvem de nós mesmos.


“Cada pequeno avanço tecnológico, por mais primitivo que seja, trouxe consigo algo de indesejável. O machado de pedra trouxe mais alimentos para a humanidade – e tornou as guerras mais mortíferas. A utilização do fogo trouxe a iluminação, calor e alimentos mais abundantes e de melhor qualidade – e a possibilidade de incêndios premeditados e da condenação à morte numa fogueira. O desenvolvimento da fala tornou o homem humano – e, ao mesmo tempo, mentiroso. A escolha entre o bem e o mal cabe ao homem...” 

Isaac Asimov

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Zero - Liniker e os Caramelows


A gente fica mordido, não fica?
Dente, lábio, teu jeito de olhar
Me lembro do beijo em teu pescoço
Do meu toque grosso, com medo de te transpassar

A gente fica mordido, não fica?
Dente, lábio, teu jeito de olhar
Me lembro do beijo em teu pescoço
Do meu toque grosso, com medo de te transpassar

A gente fica mordido, não fica?
Dente, lábio, teu jeito de olhar
Me lembro do beijo em teu pescoço
Do meu toque grosso, com medo de te transpassar

Peguei até o que era mais normal de nós
E coube tudo na malinha de mão do meu coração
Peguei até o que era mais normal de nós
E coube tudo na malinha de mão do meu coração

A gente fica mordido, não fica?
Dente, lábio, teu jeito de olhar
Me lembro do beijo em teu pescoço
Do meu toque grosso, com medo de te transpassar

A gente fica mordido, não fica?
Dente, lábio, teu jeito de olhar
Me lembro do beijo em teu pescoço
Do meu toque grosso, com medo de te transpassar

Peguei até o que era mais normal de nós
E coube tudo na malinha de mão do meu coração
Peguei até o que era mais normal de nós
E coube tudo na maliha de mão do meu coração

Deixa eu bagunçar você, deixa eu bagunçar você
Deixa eu bagunçar você, deixa eu bagunçar você
A gente fica mordido, não fica?



(Liniker e os Caramelows - Remonta - 2016)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Até tu, Brutus? Lamento e morte de Júlio César


A famosa expressão teria sido pronunciada pelo líder romano Júlio César diante da traição de seu pupilo, Marco Bruto. A expressão é costumeiramente empregada para censurar um amigo desleal, traiçoeiro.  Pintura La Morte di Cesare, 1805, de Vincenzo Camuccini.Obra constante na Galeria Nacional de Arte Moderna, em Roma.



Em 44 a.c., o poder que o general e perpétuo ditador Júlio César, conquistador da Gália e regente de parte considerável do mundo conhecido, parecia não mais ter fim. César chegou onde nenhum outro romano havia chegado. Com tamanho poder, aristocratas invejosos conspiraram contra sua vida.

César teve seu poder e vida traiçoeiramente roubados em 15 de março de 44 a.c, quando assassinado no teatro de Pompeia, em Roma. Seus conspiradores foram liderados por Caio Cássio Longino e Marco Bruto — este era um amigo intimo de César, quase um filho adotivo.

Os conspiradores (cerca de sessenta) acordaram que todos deveriam desferir um golpe em Júlio César, para que a culpa pelo assassinato fosse compartilhada por todos. Quando César entrou no teatro onde o Senado se reunia, em plena luz do dia, viu-se como alvo dos traiçoeiros pugios (adagas, punhais), que o perfuraram de todos os lados.

Segundo Plutarco, César lutou contra seus agressores até que viu Marco Bruto, armado com um punhal, vindo em sua direção. Chocado com essa traição, César caiu no chão cobrindo a cabeça com a túnica — Bruto desferiu o golpe no seu “pai adotivo”.

Alguns historiadores discordam quanto às últimas palavras de César. Alguns sustentam que ele não teria tido tempo algum para pronunciá-las, que a sua morte teria sido romantizada em peças teatrais dos séculos XVIII e XIX. Contudo, a narrativa que se tornou história é a de que César teria dito et tu, Brute? (Até tu, Brutus?) antes de morrer.



Fonte: Museu de Imagens

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Diamonds and Rust - Joan Baez (Live - 1975)



(...)

now you're telling me
you're not nostalgic
then give me another word for it
you who are so good with words
and at keeping things vague
because I need some of that vagueness now
it's all come back too clearly
yes I loved you dearly
and if you're offering me diamonds and rust
I've already paid

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Poema Religioso - Mariana Souza (AnaMari Souza)



Quatro pontos tem a minha religião
faço deles a minha filosofia e faço deles a minha ação
viva, creia, ame e faça,
essa também é minha oração,
viva sua filosofia, ame a sua arte, 
creia na sua religião e faça a sua parte, 
mas não use sua religião pra tentar reprimir o outro,
somos sete bilhões de mentes no mundo e 
querer que todo mundo creia na mesma coisa 
é no mínimo papo de louco.

Eu respeito todos que tem fé, 
eu respeito todos que não há tem, 
eu respeito que crê em um Deus, 
eu respeito que não crê em ninguém.

eu gosto de que tem fé no verso,
eu gosto de quem tem fé em si mesmo,
eu gosto de quem tem fé no universo,
e eu gosto dos que andam a esmo.

um abraço pra quem é da ciência,
um abraço pra quem é de Deus, 
um abraço pra quem é da arte, 
e um abraço pra quem é ateu.

axé pra quem é de axé, amém pra quem é de amém, 
"blessed be" pra quem é de magia,
e amor pra quem é do bem.

intolerância religiosa é a própria contradição, 
religião vem do latim religare que significa união, 
então pare de dividir o mundo entre os que vão e os que não vão para o paraíso, 
o nosso mundo tá doente em tudo enquanto nos perdemos tempo brigando por isso, 
ao invés de dividir as religiões entre as que são do mal e as que são do bem, 
que tal botar sua ideologia no bolso e ajudar aquele moço 
que de frio morre na rua desamparado e sem ninguém, 
os grandes mestres já disseram que precisamos de união, 
então porque não fazer do respeito também uma religião.

(AnaMari Souza)


Dados compilados pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR) mostram que mais de 70% de 1.014 casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados no Estado entre 2012 e 2015 são contra praticantes de religiões de matrizes africanas.

Os dados do Disque 100, criado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, apontam 697 casos de intolerância religiosa entre 2011 e dezembro de 2015, a maioria registrada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No Estado do Rio, o Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos (Ceplir), criado em 2012, registrou 1.014 casos entre julho de 2012 e agosto de 2015, sendo 71% contra adeptos de religiões de matrizes africanas, 7,7% contra evangélicos, 3,8% contra católicos, 3,8% contra judeus e sem religião e 3,8% de ataques contra a liberdade religiosa de forma geral.Dentre as pesquisas citadas, um estudo da PUC-Rio sugere que há subnotificação no tema. Foram ouvidas lideranças de 847 terreiros, que revelaram 430 relatos de intolerância, sendo que apenas 160 foram legalizados com notificação. Do total, somente 58 levaram a algum tipo de ação judicial.

O trabalho também aponta que 70% das agressões são verbais e incluem ofensas como "macumbeiro e filho do demônio", mas as manifestações também incluem pichações em muros, postagens na internet e redes sociais, além das mais graves que chegam a invasões de terreiros, furtos, quebra de símbolos sagrados, incêndios e agressões físicas.