Uma visão diferente sobre o atentado a Jair Bolsonaro.
Não importa em quem você votou ou qual sua orientação política. O vídeo trata de levantar questões e exigir a verdade que todos os eleitores merecem. Políticos "verdes", "amarelos" e "vermelhos" não faltam, o que falta é transparência e honestidade com nós brasileiros.
Caô Cabecilê: Kao em Yourubá (Aquele que esta acima de todos, o Rei) Kaab (Descer, Baixar) Ilê (Terra, Chão) "Que o Rei de todos desça a Terra!"
Em uma livre interpretação seria algo como um pedido, para que ao descer a terra, o rei traga consigo paz, e justiça divina para todos!
Caô Cabecilê é também saudação de Xangô, Orixá que representa a Justiça! "Sentado na pedra de Xangô, eu fiz meu juramento até o fim, olha seus filhos que pedem meu Pai Justiça e Paz nesse congá!" Kaô Cabecile Xangô!
Eu tenho um problema: meu ascendente é em Ariés. E eu tenho outro problema: é que eu sou a menina que nasceu sem cor. Pra alguns eu sou "preta", para outras eu sou Preta, para muitos e muitos eu sou parda. Ainda que eu sempre tenha ouvido por aí que parda é cor de papel e a minha consciência racial quando me chamem de parda fique tão bamba quanto a auto-declaração de artista pop como Anitta quando pratica apropriação cultural. Eu sou a menina que nasceu sem cor porque eu nasci num país sem memoria, com amnésia, que apaga da historia todos os seus símbolos de resistência negra, que embranquece a sua população e trajetória a cada brecha, que faz da redenção de Can a sua obra prima, Monalisa da miscigenação. E ô ode ao milagre da miscigenação, calcado no estupro das minhas ancestrais, na posse de corpos que nasceram para serem livres, na violação de ventres que nunca deveriam ter deixado de serem nossos. E eu tenho outro problema... pô, eu não sei dar cambalhota e não importa que pra alguns eu seja a menina que nasceu sem cor, que falte melanina pra minha pele ser retinta, que os meus traços não sejam tão marcados. O colorismo é uma política de embranquecimento do Estado que por muito tempo fez com que eu odiasse os traços genéticos do meu pai herdados, me odiasse, me mutilasse, meu cabelo alisasse. Meninas pretas não brincam com bonecas pretas. Mas faço questão de botar no meu texto que pretas e pretos estão se armando, se amando. Porque me chamam por aí de parda, morena, moreninha, mestiça, mulata, café com leite, marrom bombom... Por muito tempo eu fui a menina que nasceu sem cor, mas um dia gritaram-me: NEGRA. E eu respondi.
“O que eu era antes não me era bom. Mas era exatamente desse não-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia criado um bem futuro. (…) Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.”
(A Paixão Segundo G.H. - Clarice Lispector, 1964, p.13)
Afinal as duas velhas apareceram – Dona Benta no vestido de gorgorão, e Nastácia num que Dona Benta lhe havia emprestado. Narizinho achou conveniente fazer a apresentação de ambas por haver ali muita gente que as desconhecia. Trepou em uma cadeira e disse:
- Respeitável público, tenho a honra de apresentar vovó, Dona Benta de Oliveira, sobrinha do famoso Cônego Agapito Encerrabodes de Oliveira, que já morreu. Também apresento a Princesa Anastácia. Não reparem por ser preta. É preta só por fora, e não de nascença. Foi uma fada que um dia a pretejou, condenando-a a ficar assim até que encontre um certo anel
na barriga de um certo peixe. Então o encanto se quebrará e ela virará uma linda princesa loura.
"A todos com quem realmente me importo, desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de auto-confiança, e a desgraça dos derrotados".
— Carta de Friedrich Wilhelm Nietzsche direcionada à Jacob Burckhardt - Sils Maria, outono de 1888.
Próspero - Tal como o grosseiro substrato desta vista, as torres que se elevam para as nuvens, os palácios altivos, as igrejas majestosas, o próprio globo imenso, com tudo o que contém, hão de sumir-se, como se deu com essa visão tênue, sem deixarem vestígio. Nós somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono.
A Tempestade - Ato IV, Cena I (1623),William Shakespeare.
Dedicado a Carlos Heitor Cony, Tiago de Melo escreve, em 1964, “Os Estatutos do Homem”. Assim, em meio à turbulência de um país marcado pela mácula dos Atos Institucionais que cerceavam a liberdade, suprimindo Direitos, eis que a poesia nos empresta as sua asas, na mais ampla libertação.
Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
[...]
Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
Mais uma vez terei que me acostumar
A casa é um lugar imenso se você não está
Na sala de estar, a foto que me restou
Restaram também promessas que ainda causam dor
Que ainda causam dor
E desde que você foi embora
Eu sinto sua falta
Eu sinto sua falta
E desde o dia em que você foi embora
Eu sinto sua falta
E sinto tanta falta
Parece que o sol deixou de me visitar
O quarto está do jeito que você deixou
Eu ligo a tv, eu tento me acostumar
A casa é um lugar imenso se você não está
Se você não está
E desde que você foi embora
Eu sinto sua falta
Eu sinto sua falta
Tudo mudou quando você foi embora
Eu sinto sua falta
E sinto tanta falta
Artista: Sons de Saturno
Álbum: Sons de Saturno
Lançamento: 2015
Os compositores João de Barro (Braguinha) e Alberto Ribeiro compuseram a Marchinha de Carnaval “Adolfito mata moros (A los toros)”, onde imaginam os líderes Hitler da Alemanha (Adolfito) e John Bull, da Inglaterra, numa tourada em que as referências a touros, toureiros e bandarilhas lembram o papel desempenhado pelas tropas e pela aviação de Hitler na luta contra a República durante a Guerra Civil Espanhola. Onde desta vez, ele teria se metido com um inimigo bem mais indigesto: o touro de uma certa ilha (John Bull, um dos símbolos do Império Britânico). A marchinha aposta que ele será soprado pelas gaitas de foles (outro símbolo britânico) para bem longe.
A gravação dessa marchinha coube ao Cantor das Multidões - Orlando Silva -, realizada em 17 de dezembro de 1942 e lançada um mês antes da folia de momo, em janeiro de 1943.
O intérprete Orlando Silva com os compositores
Alberto Ribeiro e João de Barro (Braguinha).
A los toros,
A los toros,
A los toros, Adolfito mata-mouros
(bis)
Adolfito bigodinho era um toureiro
Que dizia que vencia o mundo inteiro
E num touro que morava em certa ilha
Quis espetar sua bandarilha.
Mas o touro não gostou da patuscada
Pregou-lhe uma chifrada.
Tadinho do rapaz!
E agora o Adolfito, caracoles,
Soprado pelos foles,
Perdeu o seu cartaz.
(Alberto Ribeiro/João de Barro)
Adolfito mata moros (A Los Toros
Letra - Alberto Ribeiro/João de Barro
Interprete - Orlando Silva
Disco Columbia (55395-A), gravação em 1942 / lançamento em 1943.
Steve Cutts é um renomado artista inglês que, após trabalhar como ilustrador em Londres, decidiu levar a vida como um profissional freelancer. Seus trabalhos, como foco na arte, animação e ilustração, são conhecidos mundialmente pela ousadia, força e linguagem direta e crítica à sociedade.
Riscos do consumo e da produção desenfreados.
O vídeo “Man” é mais uma das polêmicas obras de Cutts. Com quase três milhões e quinhentas visualizações na internet, a animação faz uma ferrenha crítica ao ser humano e o seu papel de superioridade perante os demais seres vivos do planeta.
As análises do autor se voltam especificamente para o desenvolvimento e atuação não sustentáveis das indústrias em todo o mundo. A obra mostra diversos animais que são abatidos de forma brutal em prol de empresas atuantes no ramo da moda, gastronomia e até mesmo decoração, com tapetes de tigres e cabeças de ursos que funcionam como troféus.
O descarte de lixo nos rios, a exploração animal como entretenimento humano e a devastação ambiental desenfreada são outros problemas apresentados em “Man”, que faz um alerta a todos nós sobre os perigos do estilo de vida adotado pelo homem desde a sua existência.
O que pode acontecer com a humanidade?
Durante “Man”, Steve Cutts constrói um retrato da relação da humanidade com o restante do planeta. As diversas atrocidades evidenciadas pela animação acontecem de forma natural, já que são partes do nosso “sistema” de vida.
Dessa forma, os hábitos de matar, explorar e dominar são atribuídos equivocadamente como direitos da raça humana, sem que os reais impactos dessas atitudes sejam considerados. A evolução da sociedade atual foi solidificada em uma constante destruição, motivada pelo sistema capitalista e pela insaciável luta em busca de cada vez mais dinheiro.
A devastação terrestre pode ocasionar o fim de diversas espécies e recursos naturais fundamentais para a manutenção do meio ambiente e, consequentemente, da vida no planeta.
"Eu gosto de fazer animações sobre a vida e a sociedade em geral,
então a maioria delas tende a ser uma tende a ser uma mensagem.
A insanidade da humanidade em geral
é um pote quase infinito de inspiração."
Houve uma época que eu fumava dois maços de cigarros por dia, e uma amiga me garantiu que a maconha era tiro e queda pra acabar com o vício. Recorri a maconha como um último recurso.
Então, vim a saber, através de recentes estudos científicos, que a cocaína, muito usada pela medicina para fins de entorpecimento, atuava como um inibidor. Eu fui tentando tudo pra me livrar da dependência.
Como eu sou um leitor voraz, encontrei um texto que exaltava os efeitos profiláticos do sexo. Mergulhei de cabeça. Estava realmente decidido a tentar de tudo pra largar o cigarro, a maconha, a cocaína, o sexo.
Até que me apresentaram a cachaça. E depois o craque. Depois os livros. Depois a música. O futebol. A televisão. O automóvel. A internet. Eu ia tentando de tudo pra fugir da dependência.
Até que me apresentaram a morte. E eu também fiquei viciado em morte.
Mas não pensem que acabou. Eu continuo tentando me livrar da dependência.
Enquanto para alguns o albinismo pode ser visto apenas como uma anomalia genética, sob as lentes de Yulia Taits pode ser o elemento mágico de um ensaio fotográfico encantador.
Yulia que sempre trabalhou com Photoshop teve um grande desafio ao deixar suas fotos naturais, sem modifica-las digitalmente.
Usando apenas cenografia e acessórios brancos sem nenhuma outra cor adicionada às fotos, Yulia, uma fotógrafa russa, que vive em Israel, criou o projeto “Porcelain Beauty”, diz que sempre teve a vontade de criar um projeto apenas com pessoas albinas e que sua beleza sempre a hipnotizaram.
Nota sobre o Albinismo: O albinismo é causado por uma anomalia congênita que se caracteriza pela ausência completa ou parcial de pigmento na pele, cabelos e olhos, devido a falta de produção de melanina. Uma em casa 17.000 pessoas no mundo se enquadra nessas condições.
Em 1975, o fotógrafo americano Nicholas Nixon tirou uma foto de sua esposa Bebe ao lado de suas três irmãs. A partir disso, eles tiveram a ideia de tornar a fotografia uma tradição anual. Desde então, as irmãs Brown, Heather, Mimi, Bebe e Laurie, tiraram uma foto por ano até 2010.
Para tornar a série mais coerente, as quatro sempre posaram na mesma ordem. Isso resultou em um registro incrível de 36 anos. A mais nova das irmãs, Mimi, tinha apenas 15 anos na primeira foto, e a mais velha, Bebe, estava com 61 anos na última. Quando Nixon começou a tirar os retratos, as irmãs Brown tinham entre 15 a 25 anos.
Mesmo que as imagens não sejam deslumbrantes do ponto de vista artístico, elas certamente tocam o coração. Ver como as estações, a moda e os cortes de cabelo mudaram ao longo da série, enquanto uma coisa permaneceu a mesma, o forte vínculo familiar, traz uma sensação boa e nostálgica.
A série, intitulada "As Irmãs Brown" (The Brown Sisters) foi exibida na Galeria Nacional de Arte (Washington D.C., EUA) e no George Eastman House (Rochester, NY, EUA).
Além disso, dois conjuntos foram vendidos em leilões de fotografia em Nova York (EUA).
Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois. Trata-se de jogos; é preciso primeiro responder. E se é verdade, como quer Friedrich Wilhelm Nietzsche, que um filósofo, para ser estimado, deve pregar com o seu exemplo, percebe-se a importância dessa resposta, porque ela vai anteceder o gesto definitivo. São evidências sensíveis ao coração, mas é preciso ir mais fundo até torná-las claras para o espírito.
— Albert Camus, in O Mito de Sísifo. Editora Nova Ortografia, pág. 19.
Obra de Alex Colville.
Pouco a pouco fui vendo mais claramente o defeito mais difundido de nossa maneira de ensinar e de educar. Ninguém aprende, ninguém aspira, ninguém ensina — “a suportar a solidão”.
— Friedrich Wilhelm Nietzsche, in Morgenröte/Aurora.
Obra de Zdzisław Beksiński.
"A solidão concede ao homem intelectualmente superior uma vantagem dupla: primeiro, a de estar só consigo mesmo; segundo, a de não estar com os outros. Esta última será altamente apreciada se pensarmos em quanta coerção, quantos estragos e até mesmo quanto perigo toda a convivência social traz consigo. «Todo o nosso mal provém de não podermos estar a sós», diz La Bruyère. A sociabilidade é uma das inclinações mais perigosas e perversas, pois põe-nos em contato com seres cuja maioria é moralmente ruim e intelectualmente obtusa ou invertida. O insociável é alguém que não precisa deles.
Desse modo, ter em si mesmo o bastante para não precisar da sociedade já é uma grande felicidade, porque quase todo o sofrimento provém justamente da sociedade, e a tranquilidade espiritual, que, depois da saúde, constitui o elemento mais essencial da nossa felicidade, é ameaçada por ela e, portanto, não pode subsistir sem uma dose significativa de solidão. Os filósofos cínicos renunciavam a toda a posse para usufruir a felicidade conferida pela tranquilidade intelectual. Quem renunciar à sociedade com a mesma intenção terá escolhido o mais sábio dos caminhos."
(Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida')
O litoral brasileiro era repleto de tribos indígenas no começo do século XVI, época em que os portugueses chegaram ao Brasil. Como o objetivo principal dos colonos era a obtenção de lucro na nova terra conquistada, a opção pela escravidão indígena foi quase que imediata.
Nunca houve de fato um "descobrimento", mas sim uma invasão por parte dos colonizadores, que em poucas décadas escravizou e apagou a cultura de milhares de indígenas que aqui já viviam. Estima-se que, na época do "descobrimento" do Brasil, haviam 1.300 línguas indígenas diferentes. Cerca de mil delas se perderam por diversos motivos, entre os quais a morte dos índios, em decorrência de epidemias, extermínio, escravização, falta de condições para sobrevivência e aculturação forçada.
Atualmente a Língua Portuguesa é falada por oito países do mundo em diferentes continentes, disseminada pela colonização portuguesa durante a Idade Moderna, como é o exemplo do Brasil, único país latino-americano que tem o Português como idioma oficial.
Deixa eu te provar
Uma lágrima
Pode derramar da memória
E trazer consigo as dores
De quem teve amores como eu
E não foi capaz de compreender
O que aconteceu
Nascido em abril de 1982, na Cohab Juscelino, em Guaianases, Zona Leste de São Paulo, Jeneci foi criado pela mãe paulista e pelo pai pernambucano, apaixonado por Roberto Carlos e instrumentos musicais. Cresceu embalado pelas estações de rádio populares e trilhas sonoras de novela. Aprendeu música por meio de seu pai, que trabalhava consertando equipamentos eletrônicos e instrumentos musicais. Começou tocando sanfona na banda de Chico César. Como compositor, fez músicas com Vanessa da Mata ("Amado"), José Miguel Wisnik e Paulo Neves ("Tempestade Emocional"), Luiz Tatit ("Por Que Nós?") e Arnaldo Antunes ("Quarto de Dormir"). Teve sua música "Longe" gravada por Arnaldo Antunes e Leonardo. Zélia Duncan também contou com suas músicas em seu último disco, em que Jeneci participou tocando piano, acordeon e guitarra.
Pela Som Livre lançou seu primeiro disco no final de 2010, Feito para Acabar, um dos melhores discos de 2010, segundo veículos como a revista Rolling Stone. Neste disco, se destacam "Felicidade" (parceria com Chico César), "Feito para acabar", entre outras.
A voz feminina que pontua todo disco de Marcelo Jeneci é da cantora paulistana Laura Lavieri. A estudante de psicologia, canto e violoncelo conheceu Jeneci através do pai, Rodrigo Rodrigues, que integrava o trio Música Ligeira ao lado de Mário Manga e Fábio Tagliaferri. Em 2007, Laura e Jeneci se tornaram parceiros musicais, em um momento em que ele, após anos de dedicação aos instrumentos, se descobria como compositor e ela, como cantor
Em seu primeiro disco, Feito Pra Acabar (2010), Marcelo Jeneci se apresentou para o público com as canções “Pra sonhar” e “Felicidade”. De Graça (2013), segundo álbum do cantor, mostra um novo Jeneci, amadurecido, depois de passar por momentos marcantes na vida pessoal e profissional. Produzido por Kassin, coproduzido por Adriano Cintra e com arranjos de orquestra de Eumir Deudato, o disco promete aproximar ainda mais o público do músico. São 13 faixas que mostram a mudança na forma de fazer música de Jeneci, sem perder a referência e a fórmula de sucesso do primeiro disco. Dentre elas, podemos destacar a faixa-título do disco, “De graça”, que foi o primeiro single deste trabalho lançado na internet e já é sucesso. As músicas compostas em parceria com Arnaldo Antunes, “Alento” e “Tudo bem, tanto faz”, também dão um toque especial ao disco.
Em 2014, seu álbum De Graça foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.
"Foi quando vi que ser feliz
era não querer te ter pra sempre,
mas sim te ter naquele instante,
que já era eterno o suficiente!
E por saber que ela nunca ficaria,
deixei que fosse embora.
Mas desta vez, sem falsas esperanças
de que um dia ela voltaria.
Pois eu sei, que dessa vez
não tem mais volta!"
Obs: A Primeira parte desse esboço de poema, é composto por uma estrofe da música A Onda, quarta faixa do disco Alegria Girar, lançado em 2009 pela banda Validuaté.
Nascida em Teresina no ano de 2004, e com a proposta de experimentação rítmica sobre o rock e outros ritmos, a banda apresenta sua própria mistura de elementos da música brasileira e mundial. Já dividiu palco com grandes nomes da música brasileira como Caetano Veloso, João Bosco, Bossacucanova, Fernanda Porto, Cachorro Grande, Nação Zumbi, Vanessa da Mata, Maria Gadu, Nando Reis, Paralamas do Sucesso. A discografia da banda Validuaté conta com dois álbuns de estudio, Pelos Pátios Partidos em Festa (2008) e Alegria Girar (2009) e o Cd e DVD Validuaté Ao Vivo (2015).
Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos. A metáfora é forte e só poderia ser construída dessa forma, em primeira pessoa, por alguém que viveu essa condição. Relatos como este foram descobertos no final da década de 1950 nos diários da escritora Carolina Maria de Jesus (1914- 1977). Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Ela é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil.
“A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago.”– Carolina Maria de Jesus, em “Quarto de Despejo” 1960.
Nascida em Sacramento (MG), Carolina mudou-se para a capital paulista em 1947, momento em que surgiam as primeiras favelas na cidade. Apesar do pouco estudo, tendo cursado apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu origem ao livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.
É um documento sobre o que um sociólogo poderia fazer estudos profundos, interpretar, mas não teria condição de ir ao cerne do problema e ela teve, porque vivia a questão, avalia Audálio Dantas, jornalista que descobriu a escritora em 1958. O encontro ocorreu quando o jornalista estava na comunidade para fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé. “Pode-se dizer que essa foi a primeira favela que se aproximou do centro da cidade e isso constituía o fato novo”, relembrou. Ele conta que Carolina vivia procurando alguém para mostrar o seu trabalho.
Uma mulher briguenta que ameaçava os vizinhos com a promessa de registrar as discórdias em um livro. É assim que Audálio recorda Carolina nos primeiros encontros. “Qualquer coisa ela dizia: Estou escrevendo um livro e vou colocar vocês lá. Isso lhe dava autoridade”, relatou. Ao ser convidado por ela para conhecer os cadernos, o jornalista se deparou com descrições de um cotidiano que ele não conseguiria reportar em sua escrita. “Achei que devia parar com a minha pesquisa, porque tinha quem contasse melhor do que eu. Ela tinha uma força, dava pra perceber na leitura de dez linhas, uma força descritiva, um talento incomum”, declarou.
Apesar de os cadernos conterem contos, poesias e romances, Audálio se deteve apenas em um diário, iniciado em 1955. Parte do material foi publicado em 1958, primeiramente, em uma edição do grupo Folha de S.Paulo e, no ano seguinte, na revista “O Cruzeiro”, inclusive com versão em espanhol. “Houve grande repercussão. A ideia do livro coincidiu com o interesse da Editora Francisco Alves”, relatou. O material, editado por Audálio, não precisou de correção. “Selecionei os trechos mais significativos. O texto foi mantido na sintaxe dela, na ortografia dela, tudo original”, apontou.
A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus é autora de "Quarto de Despejo" relatou. O material, editado por Audálio, não precisou de correção. “Selecionei os trechos mais significativos. O texto foi mantido na sintaxe dela, na ortografia dela, tudo original”, apontou.
Entre descrições comuns do cotidiano, como acordar, buscar água, fazer o café, Audálio encontrou narrativas fortes que desvendavam a vida de uma mulher negra da periferia. Ela conta que tinha um lixão perto da favela, onde ela ia catar coisas. Lá, ela soube que um menino, chamado Dinho, tinha encontrado um pedaço de carne estragada, comeu e morreu. Ela conta essa história sem comentário, praticamente. Isso tem uma força extraordinária, exemplificou.
Para Carolina, a vida tinha cores, mas, normalmente, essa não é uma referência positiva. A fome, por exemplo, é amarela. Em um trecho do primeiro livro, a autora discorre sobre o momento em que passa fome. Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos. Para Audálio, o depoimento ganha ainda mais importância por ser real. Um escritor pode ficcionar isso, mas ela estava sentido, disse.
Audálio relata que Carolina tinha muita confiança no próprio talento e já se considerava uma escritora, mesmo antes da publicação. “Quando o livro saiu, a alegria dela foi muito grande, mas era uma coisa esperada”, relatou. O sucesso da primeira publicação, no entanto, não se repetiu nos outros títulos. Após o sucesso de “Quarto de Despejo”, a Editora Francisco Alves encomendou mais uma obra, a partir dos diários escritos por ela quando já morava no bairro Alto de Santana, região de classe média. Surgiu então o “Casa de Alvenaria” (1961) que, segundo o jornalista Audálio Dantas, responsável pela edição do material, vendeu apenas 10 mil exemplares.
Audálio lembra que Carolina se considerava uma artista e tinha pretensões de enveredar por diferentes ramos artísticos. Um deles foi a música. Em 1961, ela lançou um disco com o mesmo título de seu primeiro livro. A escritora interpreta 12 canções de sua autoria, entre elas, O Pobre e o Rico”. Rico faz guerra, pobre não sabe por que. Pobre vai na guerra, tem que morrer. Pobre só pensa no arroz e no feijão. Pobre não envolve nos negócios da nação, diz um trecho da canção.
Para o jornalista, a escritora foi consumida como um produto que despertava curiosidade, especialmente da classe média. Costumo dizer que ela foi um objeto de consumo. Uma negra, favelada, semianalfabeta e que muita gente achava que era impossível que alguém daquela condição escrevesse aquele livro, avaliou. Essa desconfiança, segundo Audálio, fez com que muitos críticos considerassem a obra uma fraude, cujo texto teria sido escrito por ele. A discussão era que ela não era capaz ou, se escreveu, aquilo não era literatura, recordou.
Carolina de Jesus publicou ainda o romance Pedaços de Fome e o livro “Provérbios”, ambos em 1963. De acordo com Audálio, todos esses títulos foram custeados por ela e não tiveram vendas significativas. Após a morte da escritora, em 1977, foram publicados o Diário de Bitita, com recordações da infância e da juventude; Um Brasil para Brasileiros (1982); Meu Estranho Diário; e Antologia Pessoal (1996).
Político, guerrilheiro e poeta, Carlos Marighella vivenciou a repressão de dois regimes autoritários: o Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas, e a ditadura militar iniciada em 1964. Foi um dos principais organizadores da resistência contra o regime militar e chegou a ser considerado o inimigo número um da ditadura. Teve ao todo quatro passagens pela prisão, onde sofreu espancamentos e torturas, sendo a primeira delas aos vinte anos de idade. Militou durante 33 anos no Partido Comunista e depois fundou o movimento armado Ação Libertadora Nacional (ALN).
(...)
Com o recrudescimento do regime militar, os órgãos de repressão concentraram esforços em sua captura. Na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella foi surpreendido por uma emboscada de proporções cinematográficas na alameda Casa Branca, na capital paulista. Foi morto a tiros por agentes do Dops, em uma ação gigantesca coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. A morte de Marighella marcou a história da resistência armada urbana à ditadura militar no Brasil. A ALN continuou em atividade até o ano de 1974.