Dedicado a Carlos Heitor Cony, Tiago de Melo escreve, em 1964, “Os Estatutos do Homem”. Assim, em meio à turbulência de um país marcado pela mácula dos Atos Institucionais que cerceavam a liberdade, suprimindo Direitos, eis que a poesia nos empresta as sua asas, na mais ampla libertação.
Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
[...]
Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.
Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
Tiago de Melo
Santiago do Chile, abril de 1964.
Leia o Poema completo em: CONTI outra
Link para Download do Poema em PDF: ESTATUTO DO HOMEM (Ato Institucional Permanente)
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